Gavião de Asa Telha

• Descrição: Gavião de médio porte, mede de 48 a 56 cm de comprimento, peso de 500-725 g (macho) , e 750–1047 g (fêmea). Adulto possuí plumagem marrom-escuro ou claro, com coberteiras escapulares (asas) e calções ferrugíneos, crisso branco; cauda longa com rabadilha, base e extremidade brancas (Gwynne et al.2010). Em voo destaca-se as coberteiras inferiores ferrugíneas e extremidade das primárias e secundárias pretas. Jovem é mais claro, com dorso marrom-claro e ferrugíneo nas coberteiras escapulares, partes inferiores marrom com estrias claras no peito e pescoço e calções barrados.

• Espécies similares: Jovem é parecido com o jovem do gavião-caboclo (Heterospizias meridonalis), do gavião-preto (Urubitinga urubitinga) e do gavião-de-cauda-branca (Geranoaetus albicaudatus), diferenciando-se principalmente no padrão de barras da cauda, silhueta e listras da face.

• Alimentação: Alimenta-se principalmente de pequenos mamíferos (roedores e coelhos), aves, invertebrados e carcaça de animais mortos (Sick, 1997; Bierregaard & Boesman, 2013). É conhecido por ser um caçador social na América do Norte (Arizona, Estados Unidos), estratégia que utiliza para capturar presas maiores como lebres (Lepus californicus), as quais uma vez capturadas são compartilhadas entre o grupo. Este tipo de cooperação de caça não tem sido estudado, nem registrado na região neotropical (Bierregaard & Boesman, 2013).

Dentre as técnicas de caça, é conhecido por usar técnicas: voando baixo e rápido em busca de suas presas entre a vegetação rasteira (ao estilo de um Accipiter); e outra planando alto aproveitando as correntes de ar quente da manhã, procurando presas em solo (Brown & Amadon 1968).

• Reprodução: Constrói o ninho em forma de plataforma no alto de árvores, usando galhos e ramos secos. Coloca de 2 a 4 ovos, cuja incubação dura de 33-36 dias. Os filhotes são totalmente dependentes dos pais durante as primeiras semanas de vida. Abandonam o ninho com cerca de 40 dias, mas permanecem nas proximidades durante três a quatro meses. No Arizona, pode formar grupos reprodutivos representados por uma fêmea e dois ou mais machos (poliandria), dos quais copulam com ela e colaboram na incubação e alimentação dos filhotes (Bierregaard & Boesman, 2013). Este comportamento não tem sido observado na região neotropical. No entanto, existem relatos de povos indígenas (Wayuu de la Guajira, Colômbia) descrevendo mais de um casal de gaviões usando o mesmo ninho (Márquez et al. 2005).

• Distribuição Geográfica e subespécies: Ocorre desde o sudoeste dos EUA (Texas à Califórnia), México até as zonas áridas da América Central e do Sul (Bierregaard & Boesman, 2013). Ocorre em grande parte do Brasil, exceto na região amazônica.

São conhecidas duas subespécies: o P. u. harrisi: sudoeste dos Estados Unidos, México, América Central até o oeste da Colômbia, Equador e Peru. P. u. unicintus: nordeste da Colômbia, Venezuela até o sul da Argentina, Chile e Uruguai, incluindo todo o Brasil.

• Hábitos/Informações Gerais: Habita regiões campestres, áreas de várzeas, pastagens, campos de cultivo, savanas, podendo aparecer em áreas urbanas (Sick, 1997; Antas, 2005). Populações setentrionais são parcialmente migratórias, enquanto as equatoriais e austrais são residentes.

FONTE: http://avesderapinabrasil.com.br/parabuteo_unicinctus.htm

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Falcão de Coleira

• Descrição: Mede de 35-45 cm de comprimento, peso de 208-305 g (macho) e 271-460 g (fêmea) (Bierregaard & Kirwan, 2013). Apresenta dorso cinza-ardósia, nas partes inferiores peito branco, ventre escuro com fino barrado, com crisso e calções castanhos. Na cabeça é visível uma listra superciliar branca, a qual se prolonga até a nuca. Abaixo do olho, apresenta uma marca cinza escura, quase negra, em forma de lágrima. A cauda é escura, finamente barrada com cinco faixas brancas e faixa terminal branca. Em voo, é possível ver a linha branca da ponta das penas das asas.  Possuí íris castanho-escuro com anel periocular amarelo, além dos tarsos e dedos amarelados. O jovem é mais amarronzado, com dorso marrom-escuro, peito manchado e sobrancelha mais clara.

• Alimentação: Caça pequenos invertebrados, aves, lagartos e serpentes, inclusive espécies peçonhentas (Sick, 1997). Suas presas em geral são pequenas, raramente captura aves maior que um sabiá. Hector (1985) registrou o F. femoralis predando um aracuã (Ortalis vetula), espécie que pesa entre 470-685 g, sendo esta uma das maiores presas já registradas para a espécie. Em áreas urbanas, caça pardais, pombos, periquitos e insetos.

Como tática de caça, procura suas presas através de poleiros fixos e perseguições, as vezes “peneira” a baixa altura (igualmente faz o Elanus leucurus). Pode caçar em dupla, comportamento de cooperação pouco comum entre os rapinantes. A partir de pousos fixos, o casal costuma cercar a vítima, o macho iniciando a perseguição cansando a presa, para a fêmea abatê-la. Nas queimadas, fica pousado próximo à frente do fogo, capturando insetos e pequenos vertebrados assustados pelas labaredas.

• Reprodução: Não constrói ninhos, usa ninhos abandonados ou cavidades em árvores. Coloca de 2 a 3 ovos, raramente 4, com um período de incubação de 31 a 32 dias (Antas, 2005; Lencione-Neto 1996; Sick, 1997). Os ovos, brancos ou branco-avermelhados e manchados de pardo, normalmente vermelho-pardos, medem 40-48 x 31-36 mm. No período de reprodução é bastante agressivo, geralmente os casais vocalizam quando um intruso se aproxima do ninho, podendo realizar sobrevoos rasantes contra o invasor (Del Hoyo 1994; Granzinolli, et al. 2002).

No município de Santo André/SP, Miguel M. Magro (obs. pess.) monitorou um casal de F. femoralis nidificando no parque central da cidade por três anos consecutivos (2012 a 2015). Nos anos de 2012 e 2013 foi detectada a presença de um único filhote/ano, enquanto que nos anos de 2014 e 2015 foi observada a presença de três filhotes/ano. Em média, os filhotes começaram a sair do ninho em meados de novembro, tornando-se independentes após alguns meses.

FONTE: http://avesderapinabrasil.com.br/falco_femoralis.htm

Coruja Suindara

Trata-se de uma das corujas mais comuns do Brasil, bastante conhecida por nidificar em torre de igrejas e locais habitados (razão de um de seus nomes comuns). É uma verdadeira “ratoeira de asas”, pois consomem muitos roedores, principalmente nas proximidades de habitações humanas. Conhecida também por coruja-das-torres, coruja-da-igreja, rasga-mortalha e coruja-do-campanário.

• Descrição: Possui em média 36 cm de comprimento, envergadura de 75-110 cm, peso médio de 470 g (macho) e 570 g (fêmea) (König & Becking, 1999). Apresenta o dorso-cinza e pardo dourado, com partes inferiores branca, íris escura. A característica mais marcante é seu disco facial em forma de coração, branco bordeado de marrom-ferrugem. A envergadura é grande em relação ao corpo, se observada em voo, por baixo é toda branca (Sick 1997).

Segundo a última atualização do CBRO (2014), a Tyto furcata é um táxon que foi desmembrado de Tyto alba (split) devido as consideráveis diferenças genéticas com o táxon do Velho Mundo (Wink et al. 2008).

• Alimentação: Alimenta-se principalmente de roedores e invertebrados (Sick 1997). De forma mais rara, caça aves e outros pequenos vertebrados (Sick 1997; Motta-Junior 2010). Segundo Motta-Junior et al (2010), para um período de um ano, estima-se que um casal de suindaras consome entre 1720 e 3700 ratos, e entre 2660 e 5800 insetos (basicamente besouros, esperanças e grilos).

É especialista na captura de roedores em áreas abertas e em condições de pouca luz. Normalmente, logo após o anoitecer voa para suas áreas de caça preferidas, e a partir de um poleiro ou em voo lento procura suas presas na vegetação rasteira (Owl Trust, 2010). Quando algum roedor é detectado a coruja voa em direção a presa e quase que “paira” em cima da origem do som, identificando-a e esperando o melhor momento para atacar. No momento do ataque, a coruja se atira contra a presa, jogando a cabeça para trás e esticando ao máximo suas garras para frente para capturar o animal. As técnicas de caça e horários variam de acordo com o habitat, nível de ruído do ambiente, níveis de luz e vento (Owl Trust, 2010; Owl pages, 2010). No estômago, há a separação dos pêlos, ossos e outras partes não digeríveis, as quais formam pelotas, posteriormente regurgitadas em seu pouso tradicional. A análise dessas pelotas indica o alimento ingerido pela espécie. Por esse método, descobriu-se no interior de São Paulo, que duas suindaras mudavam seu alimento conforme a época do ano. No período do inverno, cerca de 90% das pelotas era formada por restos de roedores e 7% de gafanhotos. Já no verão, o inverso. Além de insetos e roedores, apanha morcegos, pequenos marsupiais, anfíbios, répteis e aves (Antas, 2005; Sick, 1997). Espécie essencialmente noturna procura alimento quase sempre 1 a 2 horas antes do nascer do sol e depois do anoitecer (Cramp 1985).

Roda (2006) estudou a dieta da T. furcata na Estação Ecológica do Tapacurá, Pernambuco. A autora revelou que, das 93 presas que constituíram a dieta da suindara, os roedores dominaram com 71,0%, seguidos de morcegos (17,2%), marsupiais, (9,7%), aves (1,1%) e insetos (1,1%). As espécies de roedores da família Cricetidae foram as presas mais consumidas na dieta da suindara, destacando-se o rato-da-cana (Holochilus brasiliensis) e o rato-do-chão (Bolomys lasiurus). A presença destes dois roedores pode estar relacionada com os seus hábitos, que também utilizam ambientes frequentados pela coruja na área de estudo, como os arredores do açude e canaviais (Roda, 2006). Segundo Yalden e Morris (1990), os morcegos são raros na dieta da T. furcata. No trabalho de Roda (2006) os morcegos Molossus molossus teve uma alta taxa de predação neste estudo, provavelmente foram predados quando estavam agrupados em edificações próximos aos pousos noturnos da suindara, já que tais morcegos possuem um voo em ziguezague o que dificulta a caça aérea (Roda, 2006; Silva 1984).

• Reprodução: Em ambientes urbanos nidifica em forros e sótão de casas, celeiros, abrigos abandonados e torre de igrejas (König & Becking, 1999; Owl pages, 2010). Em ambientes naturais, usa ocos de árvores e fendas de rochas para nidificar. Coloca, em média, de 4 a 7 ovos que são incubados durante aproximadamente 32 dias. Dentro de 50 dias os filhotes já estão aptos a voar, normalmente não se separam de seus pais até os 3 meses de vida. Após aprender as habilidades de caça, se afastam do território do ninho. Em cerca de 10 meses as aves mais novas já estão aptas a se reproduzirem (Sick, 1997; Antas, 2005).

FONTE: http://avesderapinabrasil.com.br/tyto_alba.htm

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